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O porto vive

O PORTO VIVE

A REQUALIFICAÇÃO DE UM CENTRO DE CULTURA COMO ESPAÇO DE EMPODERAMENTO COMUNITÁRIO

Autor

Flávio Rodrigues Batista:

Resumo

A comunidade do Porto do Capim vem sofrendo com a falta de um espaço adequado para o convívio e a realização de diversas atividades comunitárias. Nesse sentido o objetivo desde trabalho foi o de planejar a requalificação de um espaço em um Centro de Cultura, para suprir essa demanda. Utilizou-se a metodologia do Design Thinking com o intuito de facilitar a interação com a comunidade e obter uma representatividade maior nos resultados. Foram elaboradas três propostas, no qual a último foi escolhida, pois dispunha de uma organização espacial que melhor acomodava as necessidades do Centro de Cultura da comunidade.

Palavras-chave: Porto do Capim; Centro de Cultura; Design Social; Design de Interiores.

Abstract

The community of Porto do Capim has been suffering from the lack of adequate space for socializing and community activities. In this sense the objective since work was to plan the requalification of a space in a Culture Center, to meet this demand. Design Thinking methodology was used in order to facilitate interaction with the community and obtain greater representativeness in the results. Three proposals were prepared, in which the last one was chosen, since it had a spatial organization that best accommodated the needs of the Community Culture Center.

Keywords: Porto do Capim; Center of Cultura; Social Design; Interior Design.

Introdução

A região conhecida como Porto do Capim, situado no bairro do Varadouro – João Pessoa/PB, abriga aproximadamente 500 famílias. Grande parte dos moradores, pescadores, marisqueiros e catadores de caranguejos, possuem uma relação direta com o Rio Sanhauá e o mangue, e há 70 anos mantém vivas a cultura e as tradições ribeirinhas.

Atualmente, existe um Centro de Cultura no Porto do Capim, entretanto, o local atual não é compatível com o desenvolvimento do seu potencial cultural e preservação das suas raízes. O projeto surgiu a partir de uma motivação pessoal do discente em estudar projetos de interiores na perspectiva de design social. O objetivo do projeto é o de fazer uma intervenção, requalificando uma edificação, visando desenvolver o projeto de interiores de um Centro Cultural para a comunidade do Porto do Capim.

Com o intuito de imergir na comunidade e entender suas demandas, foi realizada entrevista com Rossana Holanda, coordenadora da Associação das Mulheres do Porto do Capim, uma associação criada com o intuito de reivindicar os interesses dos moradores. De acordo com a mesma, a comunidade reivindica um espaço que transmita representatividade, que retrate sua história, sua vivencia, sua interação com o rio, levando em consideração as memórias construídas ali por todos os moradores da região, e que também seja capaz de comportar suas atividades comunitárias (sic).

A coordenadora também relatou que existiu um convênio com a Prefeitura Municipal, no qual ficou acordado que a Prefeitura iria arcar com as despesas do Centro de Cultura da comunidade durante três (03) anos. Contudo, a verba foi liberada apenas durante o primeiro ano, sendo, até hoje, a Associação das Mulheres a própria mantenedora do Centro de Cultura (sic).

No passado, também existiu uma proposta de projeto para a revitalização da área do Porto do Capim. O projeto tinha como objetivo a construção do Centro de Cultura Popular, de um Centro de Atendimento Turístico, um parque ecológico e uma praça com capacidade para 60 mil pessoas. Entretanto, esse projeto implicava na remoção de cerca de 250 famílias da área e foi duramente criticado e rejeitado pela comunidade por ser uma política de caráter higienista1 e não representar os interesses da mesma. Devido à falta de execução do antigo projeto, a carência por um espaço comunitário adequado ainda persiste.

¹ “Trata-se de uma política higienista, de higienismo social, com a pretensa vontade de esconder as pessoas que o centro da cidade não deveria ver, segregando, mais uma vez, o povo de rua.” (ERUNDINA, 2017).

O atual Centro Cultural da comunidade é sediado em uma casa alugada, o que transmite aos moradores a impressão de instabilidade e improviso. O espaço é constituído por uma sala – dividida em duas partes, uma para a realização das atividades, e a outra para armazenamento, copa e banheiro. As atividades neste local variam desde reuniões a oficinas e comemorações, porém o espaço não comporta a quantidade de pessoas, limitando as possibilidades de interações nele. Neste sentido, torna-se de vital importância a intervenção do designer de interiores de forma a criar um espaço que venha a trazer uma representação maior da comunidade.

Segundo Silva (2016), um dos papeis do designer neste campo social de atuação é o de integrar um conjunto de ações de forma a promover respostas favoráveis à problemática social observada. Neste sentido, tendo em vista a necessidade real da comunidade e os conhecimentos teóricos aplicados ao designer social, observou-se a relevância de um projeto cujo objetivo fosse o de transformação de um espaço público, que articulasse os conhecimentos de design de interiores e a comunidade.

A coleta de dados constatou que boa parte dos moradores é beneficiada pelo espaço onde atualmente são desenvolvidas diversas atividades culturais, responsáveis por fomentar e construir o diálogo dentro e fora da própria comunidade. Entretanto, o espaço atualmente disponível não é capaz de atender as necessidades da comunidade, comprometendo a prática de suas atividades, de modo que, se torna clara a importância de um ambiente mais adequado para atender esta demanda.

O presente trabalho teve como objetivo realizar uma intervenção de design de interiores em edificação, transformando-a em um Centro Cultural para a Comunidade do Porto do Capim. Realizou-se um levantamento dos espaços e programas de necessidades necessários para as demandas do Centro de Cultura do Porto do Capim, além de pesquisas e estudos sobre definição e uso de Centros de Cultura e como traduzir aspectos da cultura local em elementos iconográficos para serem introduzidos no projeto de interior do Centro de Cultura, a fim de intensificar a experiência emocional e lúdica do usuário com os valores locais.

A metodologia escolhida para ser aplicada nesse projeto foi a do Design Thinking, que, segundo Vianna (2012), utiliza-se do pensamento abdutivo para compreender os fenômenos observados em determinada situação-problema, e, a partir das informações coletadas, formular perguntas a serem respondidas. O Design Thinking consiste em quatro etapas: Imersão, Análise e Síntese, Ideação e Prototipação, e, segundo a mesma autora, trata-se de um processo inovador, pois introduz produtos ou serviços que tenham sentido para o público-alvo, ou seja, que sejam coerentes com sua realidade e suas necessidades. Por se tratar do projeto de um Centro Cultural, espaço onde serão realizadas diversas atividades, o uso da metodologia do Design Thinking torna-se adequada, pois permite uma interação maior com a comunidade, facilitando a identificação dos elementos com os quais a comunidade se sinta representada.

Desenvolvimento

A ótica do senso comum associa o designer unicamente à criação de produtos ou serviços de luxo e beleza. Entretanto, este “pré-conceito” oculta a função primária do designer: facilitar o acesso do homem às suas necessidades básicas, através da criação de serviços, mensagens ou produtos. Apesar de sua forte influência nos setores empresariais, o design também se encontra bastante presente em outras áreas, dentre elas, a área social (FORNASIER; MARTINS; MERINO, 2012).

Segundo Fornasier, Martins e Merino (2012) e Bonsiepe (2011), o design social é o processo de análise, planejamento, execução e avaliação que resultam em conhecimentos que influenciam o comportamento do público-alvo e promove mudanças sociais no ambiente. Por ser uma atividade da ciência social, o design tem na sua formação o caráter social, e, portanto, está intrinsecamente ligada ao homem. Neste sentido, a responsabilidade social do design trata das mais variadas questões ligadas ao desenvolvimento econômico e social das populações, dentre elas a redução das desigualdades sociais, inclusão de grupos sociais e valorização dos direitos humanos e dos diferentes tipos de culturas.

O impacto deste caráter social do design não influencia apenas o dia-a-dia das pessoas, mas também interfere na visão de sociedade e de mundo do próprio designer, que é, simultaneamente, sujeito e objeto neste processo cultural (BONSIEPE, 2011).

Localizada às margens do Rio Sanhauá, afluente da margem direita do Rio Paraíba, a comunidade Porto do Capim começou a se consolidar a partir da década de 1950, pelas famílias dos pescadores que iniciaram a ocupação no canteiro da obra do Porto Internacional do Varadouro, que havia sido abandonada. A comunidade desenvolveu um senso de identidade e atividades como a pesca existe até hoje, ainda que de forma precária.

Mesmo sofrendo com o descaso da prefeitura, a comunidade vem se fortalecendo e reivindicando o direito de permanecer no Porto. Essa reivindicação é feita principalmente através da Associação das Mulheres, mas Rossana Holanda (2014) explica que existem outras entidades que atuam na área, tais como: Pastoral da Criança (Arquidiocese da Paraíba); Ponto de Cultura Porto do Capim (Porta do Sol Projetos Culturais – parceiro da Associação de Mulheres); Fundação Casa de Cultura Cia. da Terra (Projeto Subindo a Ladeira – democratização cultural e educação patrimonial); Web Rádio Porto do Capim (Ateliê Elionai Gomes); As Garças do Sanhauá (Três jovens, moradoras da comunidade do Porto do Capim).

Em 2016, foi realizado o seminário “Pensando Espaços Públicos para Todos”, cuja proposta foi discutir formas eficientes de utilizar as áreas do Porto do Capim com vistas a melhorar a qualidade de vida dos moradores. De acordo com Fabiano Melo (2016), presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB/PB), requalificar espaços públicos como o Porto do Capim, que sofreu uma interferência direta das mudanças do ambiente urbano, significa atribuir novas qualidades ao espaço, aproveitando, por exemplo, imóveis fechados e que foram perdendo vitalidade ao longo do tempo, na criação de habitações ou centros culturais.

Centros de cultura são, por definição, áreas com a finalidade de desenvolver espaços que propiciem atividades comunitárias, tais como, apresentações, exibição de filmes, celebração de festividades, ensaios de grupos de dança, reuniões, entre se tornando um espaço múltiplo. Espaços como esses são de extrema importância, para proporcionar um senso de união dentro da comunidade – através das atividades ou festividades, funcionando também como um meio de gerar visibilidade da comunidade perante a sociedade, quando nesses centros a cultura e costumes locais são enaltecidos e celebrados.

O conceito de centro tem a sua origem no latim centrum e pode fazer menção a diversas questões. Uma das acepções refere-se ao lugar onde se reúnem as pessoas com alguma finalidade. Cultural, por sua vez, é aquilo que pertence ou é relativo à cultura. Esta noção, do vocábulo latino cultus, diz respeito às faculdades intelectuais do homem e ao cultivo do espírito humano. Um centro cultural é, portanto, o espaço que permite participar em atividades culturais. Estes centros têm o objetivo de promover a cultura entre os habitantes de uma comunidade. […] O centro cultural costuma ser um ponto de encontro nas comunidades mais pequenas, onde as pessoas se reúnem para conservar tradições e desenvolver actividades culturais que incluem a participação de toda a família. […] Regra geral, as actividades dos centros culturais são gratuitas ou bastante acessíveis, de modo que nenhuma pessoa fique de fora ou afastada por questões económicas. A propriedade dos centros culturais costuma ser estatal ou cooperativa, uma vez que não costuma tratar-se de instituições com fins lucrativos (CONCEITO, 2013).

Neste sentido, os conceitos apresentados encontram materialidade no Centro de Cultura do Porto do Capim, onde são desenvolvidas atividades de contar de histórias, exibição de filmes, oficinas, aulas de dança e bazares (como mostrado nas Imagens 1 a 6, nos Anexos). As mesmas atividades são descritas por Rossana Holanda quando a mesma lista as atividades culturais desenvolvidas no Centro de Cultura: “(…) a gente desenvolve vários eventos culturais. Tem o grupo Xote das Meninas, (…), tem evento de Dia dos Pais, de São João, de Natal… Além das próprias reuniões que acontecem aqui mesmo no espaço do Centro, do grupo de jovens, do grupo de comunicação… E também tem o grupo de produção (…)”.

Observando-se as atividades citadas, enxerga-se a preocupação em estimular a união dos membros da comunidade através da realização de atividades que possam ser feitas em conjunto – exemplificados pelos grupos existentes que desempenham suas atividades no Centro de Cultura. A preocupação em manter esse senso de comunidade e também de trazer visibilidade a comunidade através dos eventos, ou mesmo da produção das coisas, que convenhamos, são produzidas pelo pessoal da comunidade.

O bloco afro Olodum foi criado em 25 de abril de 1979, como opção de lazer para os moradores da região do Maciel/Pelourinho, a fim de lhes garantir o direito de brincar o Carnaval de forma organizada, dentro de um bloco. Em 1985, transformou-se em uma ONG vinculada ao movimento negro, passando a denominar-se Grupo Cultural Olodum e a desenvolver ações de combate à discriminação social e de defesa e luta para assegurar os direitos civis e humanos das pessoas marginalizadas na Bahia e no Brasil. Inaugurada em 1991, a sede do grupo tem o traçado da arquiteta italiana Lina Bo Bardi, que projetou a reforma interior, mas manteve as características coloniais do prédio (CASA DO OLODUM, 2017).

 

A partir do relato exposto, é possível perceber semelhanças entre a Casa do Olodum, na Bahia, e o espaço localizado no Porto do Capim, na Paraíba. Tendo como base o conceito apresentado anteriormente, ambos se tratam de um Centro Cultural, pois propiciam atividades comunitárias e geram visibilidade da comunidade perante a sociedade. Além disso, ambos apresentam uma função política muito importante: defender os direitos civis e humanos das pessoas – no caso do Porto do Capim, trata-se de um espaço que funciona como sede da Associação das Mulheres do Porto do Capim, que busca defender os direitos da comunidade de permanecer no local onde habita.

A partir do exposto, ressalta-se a importância de ser realizada uma intervenção e desenvolver um projeto de interiores de um Centro Cultural para a comunidade do Porto do Capim. O trabalho presente foi desenvolvido dentro da metodologia do Design Thinking, que segundo VIANNA (2012), consistem em quatro etapas: Imersão, Análise e Síntese, Ideação e Prototipação.

Na Imersão foi feito um “mergulho no contexto”, através de pesquisas bibliográficas² e de campo³, entrevista com a coordenadora da Associação das Mulheres do Porto do Capim, além de entrevistas semiestruturadas com a população do Porto do Capim, visando uma aproximação e um entendimento maior sobre as necessidades da comunidade. Logo após a fase de Imersão, iniciou-se a fase de Análise e Síntese, a qual consiste em compreender e analisar os dados levantados, com vistas a identificar as oportunidades/desafios na execução do projeto.

O atual Centro de Cultura do Porto do Capim possui cerca de 58,8m², que são divididos entre 3 cômodos – sala, copa e banheiro. Utilizando um painel de MDF, a sala foi dividida em duas partes, uma para a realização das atividades e a outra para armazenamento. Como o espaço da sala é reduzido, as atividades que podem acontecer nesse espaço são restritas, consequentemente limitando a mobilidade nas atividades que são realizadas, além de não comportar um número grande de pessoas. A copa possui uma geladeira, um fogão e uma bancada com cuba, com um espaço restrito onde acomoda, de forma precária, 1 pessoa por vez.

Buscando uma aproximação e um entendimento maior sobre as necessidades da comunidade, foram feitas entrevistas, tanto com a coordenadora da Associação das mulheres, quanto com moradores da comunidade. Com base na entrevista com Rossana foi constatado que devem ser abordados três conceitos para a criação de um projeto de interiores do Centro Cultural do Porto do Capim: “ser um ambiente plural”, “elementos culturalmente representativos” e “baixo custo de manutenção” (sic). Em outras palavras, deve se tratar de um espaço onde diversas atividades diferentes poderão ser realizadas (ambiente plural), tendo como objetivo enaltecer elementos das tradições e raízes da comunidade (culturalmente representativo) e também existindo a preocupação em minimizar os custos (baixos custos).

Foram elaboradas cinco (05) questões para as entrevistas com moradores do Porto do Capim, tendo como critério de seleção moradores escolhidos de forma aleatória pela comunidade. É recorrente no discurso dos entrevistados que o Centro de Cultura é um espaço voltado para o público feminino, conforme informação verbal dita por um dos entrevistados, “Se num fosse essas criaturas, as mulheres daqui, num ia ter era nada quase” (sic). Com base na análise desses dados, compreende-se que, para a elaboração desse espaço, ele precise ser múltiplo, se adequando ao tipo de atividades realizadas dentro da comunidade, que variam desde ensaios de dança, datas comemorativas até reuniões da Associação.

Através dos dados colhidos e de observações in loco realizadas, propõe-se que o novo Centro de Cultura da comunidade Porto do Capim seja materializado em um galpão (Imagem 1), no qual atualmente funciona uma madeireira, possuindo 18,40m de comprimento, 14,70m de largura e um pé direito de 4,30m.

² A pesquisa bibliográfica é feita a partir do levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escritos e eletrônicos, como livros, artigos científicos, páginas de web sites. (FONSECA, 2002).
³ A pesquisa de campo caracteriza-se pelas investigações em que, além da pesquisa bibliográfica e/ou documental, se realiza coleta de dados junto a pessoas, com o recurso de diferentes tipos de pesquisa (pesquisa ex-post-facto, pesquisa-ação, pesquisa participante, etc.) (FONSECA, 2002).

Imagem 1: Proposta de local para o novo Centro de Cultura

Fonte: Arquivo pessoal

Na etapa de Ideação foram desenvolvidos painéis imagéticos estéticos através dos registros fotográficos realizados no local coletados na fase de imersão.

  • Paleta de cores: A paleta de cores foi baseada nas cores que já são encontradas no dia a dia da comunidade, seja nas fachadas de suas casas, ou nos barcos que usados na pesca e turismo, ou até mesmo nos grafites.

Imagem 2: Paleta de cores

Fonte: Arquivo pessoal

Formas: As inspirações para as formas, surgiu da observação de elementos do dia-a-dia da comunidade, formas de grades, dos trilhos do trem, além da arquitetura das portas.

Imagem 3: Formas

Fonte: Arquivo pessoal

Mobiliário: Para a elaboração de um projeto de um ambiente múltiplo, no qual diversas atividades diferentes serão executadas, o mobiliaria precisa ser dinâmico, possibilitando que ele se adeque aos vários tipos de atividades. Então a escolha de um mobiliário modular se torna a mais viável.

Imagem 4: Mobiliário

Fonte: Arquivo pessoal

Iluminação: Fica por conta de uma mescla entre iluminação geral, visando permitir a realização das atividades, e iluminação indireta, para proporcionando uma sensação de conforto maior.

Imagem 5: Iluminação

Fonte: Arquivo pessoal

Texturas: Foram identificadas texturas no entorno da comunidade: a de tijolo aparente, encontrada em várias edificações ao longo da comunidade, e a da madeira de demolição, das madeireiras; que além de estar presente nas edificações, também são introduzidas na comunidade, através da interação com as diversas madeireiras presentes no Porto do Capim.

Imagem 6: Texturas

Fonte: Arquivo pessoal

Na proposta 01, foram desenvolvidos oito (08) ambientes, sendo eles: bazar, depósito, sala de arquivos, copa, sala de reuniões, espaço múltiplo, biblioteca e banheiros. A disposição do ambiente ficou de forma que, o espaço múltiplo se encontra logo na entrada, juntamente com o bazar e no canto direito o depósito. A sala de reuniões ficou localizada ao centro da edificação, e é por meio dela que se tem acesso à copa e sala de arquivos. A biblioteca ficou ao fundo da edificação, e através dela é dado acesso aos banheiros.

Por ter sido detectado que a única forma de acesso aos banheiros seria passando pela biblioteca, foi levantada a hipótese de que esse fluxo poderia causar certo incômodo. Nesse layout também fica restringido o acesso à copa e à sala de arquivos. Nos banheiros, que são unissex, são encontradas três cabines, sendo uma delas acessível.

Imagem 7: Proposta 01

Na proposta 02, foram desenvolvidos oito (08) ambientes, sendo eles: bazar, depósito, sala de arquivos, copa, sala de reuniões, espaço múltiplo, biblioteca e banheiros. A disposição do ambiente ficou de forma que, o espaço múltiplo se encontra logo na entrada juntamente com o bazar. A sala de reuniões continuou localizada ao centro da edificação, dela se tendo acesso à copa – que foi aumentada –, e à sala de arquivos – que foi reduzida. A biblioteca ficou ao fundo da edificação, e a mudança feita nessa área foi a de trocar as localidades do banheiro com a do depósito, dessa forma evitando que o acesso ao banheiro passasse pela biblioteca. Com essa troca, foi possível criar um banheiro masculino e um feminino, cada um deles com duas cabines, sendo uma delas acessível.

A problemática desse layout deu-se pelo fato do banheiro estar localizado logo na entrada da edificação, área na qual existe uma falta de ventilação.

Imagem 8: Proposta 02

Por fim, na proposta 03, escolhida como a proposta ideal, também foram desenvolvidos oito (08) ambientes, sendo eles: bazar, depósito, administração, copa, sala de reuniões, espaço múltiplo, biblioteca e banheiros. A disposição do ambiente ficou de forma que o espaço múltiplo se encontra na entrada, a biblioteca e o bazar se tornaram um ambiente integrado, dando acesso ao depósito. A sala de reuniões continuou localizada ao centro da edificação, dela se tendo acesso sala de administração – antiga sala de arquivos. Os banheiros foram relocados para a parte interior da edificação onde estão locadas as janelas, existindo um banheiro masculino e um feminino, cada um deles com três cabines, sendo uma delas acessível. A copa ficou localizada no canto superior direito, e com acesso livre.

Imagem 9: Proposta 03

Conclusões

O presente trabalho teve como objetivo a requalificação de um espaço, visando desenvolver um Centro de Cultura para a comunidade do Porto do Capim. Uma das principais preocupações foi a criação de um espaço múltiplo, capaz de adequar-se a realização das atividades descritas pelos moradores da comunidade, além de proporcionar espaço para novas atividades. O foco do trabalho foi criar um ambiente que exprimisse a personalidade da comunidade, e, neste sentido, foi relevante a utilização da metodologia do Design Thinking, permitindo realizar uma imersão na cultura do Porto do Capim.

Destaca-se também a relevância de propor a requalificação de um espaço capaz de remodelar a interação de um grupo social, ao mesmo tempo em que traz elementos iconográficos com o intuito de intensificar a experiência emocional da comunidade, além de fortalecer o uso do Design Social como instrumento na formação do indivíduo e de sua relação com o meio. Por fim, espera-se que este trabalho inspire um interesse maior pela comunidade e pelo uso do Design como ferramenta de mudança social.

BLOG DO PORTO DO CAPIM, 2011. Disponível em <http://portodocapimjp.blogspot.com.br/2011/12/deodato-borges.html//>. Acesso em: 17 de fev. 2017.

BONSIEPE, Gui. Design, Cultura e Sociedade. São Paulo: Blucher, 2011.

CASA DO OLODUM, 2017. Disponível em <http://www.bahia.com.br/atracao/casa-do-olodum//>. Acesso em: 26 de fev. 2017.

CONCEITO DE CENTRO CULTURAL, 2013. Disponível em <http://conceito.de/centro-cultural/>. Acesso em: 03 de mar. 2017.

ERUNDINA, Luiza. Política higienista. São Paulo, 2017. Disponível em <http://jornalggn.com.br/noticia/doria-adotou-politica-higienista-com-morador-de-rua-diz-erundina>. Acesso em: 21 de mar. 2017.

FORNASIER, Cleuza B. R.; MARTINS, Rosane F. F.; MERINO, Eugenio. Da responsabilidade social imposta ao design social movido pela razão, 2012. Disponível em < https://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/1850 >. Acesso em: 19 de mar. 2017.

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002. Apostila.

HOLANDA, Rossana. BLOG ASSOCIAÇÃO DAS MULHERES DO PORTO DO CAPIM, 2014. Disponível em < http://asmulheresportodocapim.blogspot.com.br///>.Acesso em: 19 de fev. 2017.

MELO, Fabiano. Seminário ‘Pensando Espaços Públicos Para Todos’, 2016. Disponível em <http://www.mpf.mp.br/pb/sala-de-imprensa/noticias-pb/seminario-sobre-preservacao-e-requalificacao-do-porto-do-capim-sera-realizado-na-capital/>. Acesso em: 16 de fev. 2017.

RIBEIRO, Renata. Centro Cultural: a Cultura à promoção da Arquitetura. Revista Online IPOG Especialize, Instituto de Pós-Graduação – IPOG, Goiânia, 2012.

SILVA, Anna Lúcia dos Santos Vieira e; OLIVEIRA, Emilio Augusto Gomes de; SOUSA, Carlos Eugênio Moreira de; MACAMBIRA, Filipe Garcia; JOSINO, Lara Dias Monteiro; ARAÚJO, Vitor Vieira; Dispositivos estratégicos de design social em processos de construção de identidade local, 2016. Disponível em <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/designproceedings/ped2016/0253.pdf>. Acesso em: 19 de mar. 2017.

VIANNA, Ysmar. Design Thinking – Inovação em Negócios. Rio de Janeiro: MJV Press, 2012. Disponível em <http://portal.procenge.com.br/wp-content/uploads/2013/05/Design-Thinking-Inovação-em-Negócios.pdf >. Acesso em: 01 de mar. 2017.

Currículo do autor

Flávio Rodrigues Batista:
Recém-graduado em Design de Interiores pelo Centro Universitário de João Pessoa. Possui como maior área de interesse o Design Social. Atualmente, está envolvido com produção cenográfica de audiovisual.

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