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Interior Design: Uma profissão estabilizada e respeitada no exterior enquanto no Brasil, nem tanto

Interior Design

Uma profissão estabilizada e respeitada no exterior enquanto no Brasil, nem tanto

Autor

Prof. Esp. Paulo Roberto Gonçalves de Oliveira

Resumo

O presente ensaio busca levantar um debate sério sobre uma questão básica nos dias atuais: quem é realmente o designer de interiores, quem é o arquiteto de interiores e quem é o decorador de interiores. Afirmam que estes profissionais são capacitados academicamente para fazer as mesmas coisas dentro de um projeto de interiores porém, dados acadêmicos e resultados dos projetos apontam na direção oposta. A necessidade de arrumar a casa é uma realidade em várias profissões porém, esta deve ser feita com respeito às outras profissões e ética profissional. Infelizmente não é o que temos visto diariamente no mercado e nas redes sociais. Escrevo este ensaio baseado em minhas vivências nestes anos de luta pela regulamentação de minha profissão e também de exercício profissional e acadêmico, a minha percepção sobre os equívocos cometidos que, insistentemente, teimam em alimentar uma rixa absolutamente dispensável e que poderia ser transformada em atos de respeito inter-profissional onde todos sairiam ganhando. Questão exposta, que abra-se o debate sério, sem melindres e achismos. O Brasil precisa evoluir.

Palavras-chave: arquitetura de interiores, design de interiores, teoria do design, formação acadêmica, competências.

Abstract

The purpose of this essay is to discuss a basic current issue: who indeed is the interior designer, who is the interior architect, and who is the interior decorator. The essay claims that such professionals are academically trained to do the same things within an interior project; however, academic data and project results point in the opposite direction. The need to fix a home is a reality in several professions. However, this must be done respecting other professions and professional ethics. Regrettably, this is not what is seen daily in the market and in the social media. I write this essay based on my own experience of the many years fighting for the regulation of my profession and professional and academic practice, as well as based on my perception of the continuous mistakes that keep on feeding an unnecessary feud that could be changed into interprofessional respect in which all involved parties would benefit. This issue requires serious consideration, without superficial prejudices. Brazil needs to evolve.

Keywords: Interior architecture; interior design; design theory; academic formation; competences.

Introdução

Há muito tempo o mercado exige um documento que aborde as diferenças reais entre designers de interiores, arquitetos e decoradores. É um assunto complexo e que engloba algumas variáveis distintas: uma mais fácil de destrinchar – quem é o profissional desta área – pois encontram-se dados concretos analisando as matrizes curriculares dos cursos de Arquitetura e as de Design de Interiores, doravante apenas DInt, em busca da veracidade na alegação de que “todo arquiteto é designer pois estuda isso na faculdade”. Outras já mais complexas e que passeiam pelos campos da lógica – ou falta desta – que geram os “achismos” (Morin)[1] que fomenta distorções sobre abordagens relacionadas especialmente pela mídia disseminando inverdades. E é exatamente esta falta de lógica que cria a grande confusão no mercado relativa às diversas nomenclaturas encontradas e nas redes sociais sobre quais são os profissionais ideais para a realização de cada tipo de projeto voltado para espaços interiores.

Não há até o momento um texto que discorra sobre as diferenças entre Projetos de Interiores e de DInt, tampouco sobre projetista de interiores, decorador de interiores, arquiteto de interiores e designer de interiores. Isso se deve a anos de investidas corporativistas contra a regulamentação da profissão de DInt além de ações planejadas visando uma campanha dissimulada de diminuição da importância desta área de conhecimento e de seus profissionais. Torna-se, portanto, importante que isso seja esclarecido, sem melindres ou vendas nos olhos, afim de deixar claro quem são estes atores e seus reais papéis nesse mercado.

Apesar da sanção presidencial à Lei n° 13.369 em dezembro de 2016, que regulamentou a profissão de DInt, mesmo com os vetos irregulares, esta confusão ainda prevalece e as dúvidas por parte do mercado (clientes e fornecedores) e da academia (docentes, discentes e outras áreas) ainda são latentes. Qualquer tentativa de dirimir essas dúvidas e corrigir os equívocos sem o apoio de pesquisa acadêmica torna-se inócuo. Esta pesquisa busca, através de uma revisão digital nas mídias sociais e sites corporativos e de entidades de representação profissional nacionais e internacionais, apontar os pontos nevrálgicos destas questões e suas distorções propositais propondo um entendimento mais correto.

Há que se destacar também aspectos mercadológicos e alguns nomes históricos que, de forma bem específica, são utilizados de maneira errônea por alguns profissionais para justificar o seu suposto direito ao exercício profissional em áreas que, formativamente, não são de sua competência.

[1] Segundo Edgar Morin, “achista” é aquela pessoa que ouve algo e sai replicando a informação conforme o seu entendimento pessoal, sem preocupar-se com a devida pesquisa para comprovar os fatos.

Desenvolvimento

Da disputa mercadológica

É bastante clara a disputa de mercado entre os diversos profissionais que atuam em projetos diretamente ligados ao objeto arquitetônico. Arquitetos, engenheiros, designers, pedreiros, marceneiros, lojistas e uma vasta gama de profissionais que geram sobreposições de atribuições profissionais. No entanto, ao observar crítica e teoricamente essa situação, percebe-se que vários desses profissionais desconhecem a realidade de suas próprias profissões e suas reais atribuições e limitações legais.

No Brasil há um forte movimento de ampliações infinitas dessas atribuições, mesmo que os profissionais de determinada área afirmem que não tiveram formação acadêmica específica para tal. É o caso do DInt e a da tipicamente tupiniquim “Arquitetura” de Interiores. Sim, Arquitetura foi colocada entre aspas propositalmente e o porquê disso ficará claro mais adiante. Tipicamente foi empregada pois vejo esta como o velho “jeitinho brasileiro” de fazer gambiarras que estancam momentaneamente a questão.

Tempos atrás, o Conselho de Arquitetura e Urbanismo (CAU) publicou o Censo dos Arquitetos 2013[2]. No total, 83.754 arquitetos responderam a esse censo realizado pelo referido conselho no ato de sua inscrição no mesmo após a sua instalação oficial. Nesse documento, apenas 34,73% afirmaram atuar com Arquitetura e Urbanismo (concepção), 15,88% em Arquitetura e Urbanismo (execução) e 14,92% dos respondentes afirmam que atuam com projetos de “Arquitetura” de Interiores. Este último item é bastante questionável pois não condiz com a realidade observável no mercado. Ou os profissionais mentiram ao responder o censo ou responderam de forma equivocada por não saberem distinguir claramente o que é Arquitetura.

Fatos: observando a participação desses profissionais nas diversas mostras de Arquitetura, Decoração e DInt (existe?) que ocorrem no país, desde as nacionais como Casa Cor e Morar Mais por Menos como nas regionais como Campinas Decor e tantas outras, em todas, praticamente 95% dos ambientes são feitos por arquitetos porém, o que raramente é apresentado são projetos de Arquitetura. Tudo que se vê é ligado ao Paisagismo, à Decoração e ao “Dizáinhe” de Interiores. E vê-se ali desde profissionais gabaritados com vasta carreira no mercado nacional e internacional até aqueles iniciantes em busca de visibilidade. Vele citar aqui a permanente insistência do CAU em exigir que essas mostras cobrem dos profissionais a emissão da RRT (registro de responsabilidade técnica) por cada espaço nas mesmas sabendo que este documento apenas arquitetos podem emiti-lo por se tratar de um papel interno de seu próprio Conselho. Isso vai contra a legislação brasileira, pois o Código Penal Brasileiro (CDC) já dita quais são as responsabilidades civis para todo e qualquer cidadão, de qualquer profissão sendo, portanto, uma Lei Federal que está acima de qualquer norma interna. Trata-se, portanto, de uma inicial reserva de mercado junto às mostras ao negar direitos aos designers de participar livremente desses eventos assumindo a responsabilidade por seus projetos, em contrato conforme o CDC, como ocorre no mercado.

Quando visitamos os espaços institucionais de construtoras que oferecem os apartamentos decorados para visitação de seus clientes, não se vê projetos de interiores feitos por designers de interiores. E, finalizando esta breve análise, não se deve deixar de fora uma importante constatação: os sites e páginas pessoais dos profissionais e escritórios de Arquitetura que desmentem facilmente o senso realizado pelo CAU. Nestes espaços profissionais, praticamente todos apresentam em seus portfolios a tal “arquitetura” de interiores ou projetos de interiores, DInt (oferta de serviço para o qual não adquiriram a devida formação acadêmica). Este tipo de projeto predomina em detrimento à Arquitetura. Isso sem contar os outros como Lighting Design que agora, para eles, chama-se “arquitetura de iluminação”, e também design de produtos, design gráfico e etecéteras, que também são apresentados em suas cartas de serviços.

O mercado de Arquitetura, na exata concepção do significado do termo, está nas mãos de poucos profissionais habilitados. Toda cidade deste país conhece quem são os arquitetos que projetam e constroem edificações nelas, que trabalham realmente com Arquitetura. O restante se vê obrigado a partir para outras áreas, mesmo sem o domínio e conhecimento necessários para tal e, dentre estes avanços, encontra-se o segmento de projetos voltados para interiores. Vale ressaltar aqui que interiores é bastante atrativo por causa da alta remuneração alcançada seja através da cobrança regular do valor do projeto ou através do recebimento das reservas técnicas (RTs – comissões) – prática que o CAU condena.

Quando o termo Arquitetura foi utilizado entre aspas anteriormente, foi para destacar que há um grave equívoco no uso do mesmo aqui no Brasil. Independente de qual caminho seguir, deve-se observar que o curso de Arquitetura brasileiro é bastante generalista – no entendimento do próprio conselho profissional. Tem sim o devido foco na elaboração do projeto arquitetônico porém, nem todos os cursos dão a mesma importância ao Urbanismo e ao Paisagismo, áreas que o CAU impõe como exclusiva dos seus profissionais distanciando-se da realidade internacional da Arquitetura que tem seu foco exclusivo na Arquitetura. Nas escolas do exterior, Paisagismo e Urbanismo são escolas – cursos – distintas da Arquitetura. E aqui no Brasil, raríssimos são os cursos que oferecem ao menos uma disciplina específica, de um mísero semestre, sobre projetos de interiores com a devida profundidade que o tema exige.

Essa confusão tem uma única fundamentação: alguns profissionais de Arquitetura que atuaram nestas áreas e alcançaram algum sucesso. No entanto, o que fica escondido sobre o véu dessa alegação é que esses profissionais praticamente abandonaram o exercício da Arquitetura e passaram a atuar exclusivamente em projetos nos setores escolhidos, buscando a constante especialização e aperfeiçoamento profissional.

Entre os profissionais do passado mais utilizados nessa tentativa de validar o excesso de atribuições encontramos, entre outros, JC Serroni, Flávio Império, Sérgio Rodrigues, e Burle Marx. Passemos então a analisar o histórico destes profissionais para entender melhor esta situação:

“Formou-se em arquitetura pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – FAU/USP – em 1977.

No período de 1977 a 1982, foi cenógrafo-figurinista e um dos coordenadores do Departamento de Cenografia e Arte da R.T.C – Rádio e televisão Cultura de São Paulo, onde realizou inúmeros projetos de cenografia e figurinos, como: Teatro 2, Telecurso 2ºgrau, Musicais, Shows, Tele-Aulas, Tele-Contos, etc. Realizou também, alguns projetos para a TV Globo e para a MTV – São Paulo.

J.C. Serroni tem Tese de Graduação Interdisciplinar em Cenografia e Arquitetura de Edifícios Teatrais. Realizou entre os anos de 1985 e 1990 inúmeras consultorias para diversos espaços teatrais por todo o Brasil, contratado pelo Ministério da Cultura do Brasil.”

(Fonte: site José Carlos Serroni, 2003)

Analisando o currículo de JC Serroni percebe-se claramente que sua atuação sempre foi voltada para a Cenografia e produção de espaços cenográficos. Da TV ao Teatro, este campo de atuação profissional bastante específico e que exige o constante aperfeiçoamento profissional, sempre foi o seu forte e seu foco. Provavelmente sua escolha pelo curso de Arquitetura deu-se pela não existência de um curso superior específico em Cenografia naquele período.

Já Flávio Império é outro grande arquiteto e cenógrafo formado também pela USP. No entanto, verificando sua biografia nota-se que ele sempre teve forte ligação com as Artes, com a Literatura e, especialmente, com o Teatro. Mais até que com a Arquitetura propriamente dita.

“Comecei brincar de teatro aos 5, 6 anos, no quintal da casa dos meus pais: cobertores presos ao varal por pregadores e muita roupa de papel de seda. Minha irmã e eu éramos os atuantes e minha empregada Eunice – nossa idealizadora e realizadora mais animada.

As cadeiras da casa serviam de platéia mais as janelas dos vizinhos em frente. A coxia eram outros cobertores ou lençóis presos a outros varais. Cantava, representava e dançava.

Depois das festas das escolas onde cantei, recitei, toquei piano e dancei. Depois só vim mexer com esse material aos 20 anos quando estudava na FAU. Era teatro com crianças numa comunidade operária de um frei Dominicano, o Frei João Batista da Comunidade de trabalho Cristo Operário na Estrada do Vergueiro, em torno de uma capelinha branca pintada pelo Volpi.”

(Fonte: site Flávio Império, 2018)

Segundo sua biografia disponibilizada em seu site, em 1956 Flavio Império ingressou na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP) e, ao mesmo tempo, no Curso de Desenho da Escola de Artesanato do Museu de Arte Moderna de São Paulo, permanecendo nesse até 1958. Durante este período na academia Flavio atuou fortemente na produção cenográfica de peças teatrais. Apesar de sua formação em Arquitetura pela FAU-USP, percebe-se em sua biografia que a sua atuação – e consequente especialização e aperfeiçoamento profissional – sempre foi voltada para o Teatro.

Sérgio Rodrigues, um nome de peso e respeitado da Arquitetura brasileira, é outro sempre citado quando arquitetos tentam justificar a livre atuação em outros mercados. No entanto, ele e outros arquitetos que se destacaram, por exemplo, na produção de mobiliário, investiram muito tempo e estudos para adquirir estes conhecimentos específicos que não foram ensinados nas faculdades. Nessa lista também podem ser colocados Oscar Niemeyer, Le Corbusier e diversos arquitetos que passearam por outras searas.

Vale ressaltar também que ao pensar em tais projetos alguns desses nomes famosos e respeitados usados como argumento desenvolviam apenas o croqui de seus produtos. O Dicionário Dicio da Língua Portuguesa diz que “Significado de Croqui – Desenho feito ao vivo, em breves traços de lápis ou pincel, de modo que mostre o essencial do modelo. Esboço. (Var. fr.: croquis.).”. É importante frisar que um croqui não é o mesmo que um projeto técnico, como fica claro na definição acima. Esboçar algo, qualquer pessoa com um mínimo de noção de desenho consegue. Apresentar apenas a forma ou, comumente denominado no mercado, “a cara” do que se deseja não é projetar. Nem de longe é Design, pois toda a parte técnica fica a cargo dos profissionais que executarão as peças e que detém os conhecimentos específicos nisso.

Já Roberto Burle Marx é um exemplo peculiar. Nasceu em São Paulo no dia 04 de agosto de 1909, viveu em uma casa paulistana cercada de jardins. Desde pequeno, teve contato direto com rosas, begônias, antúrios, gladíolos, tinhorões e muitas outras espécies de plantas não apenas na observação mas também na lida com as mesmas. Essa vivência diária com as plantas o fez aprender a preparar canteiros e a observar o ciclo de vida das plantas – da germinação das sementes em seu quintal aos cuidados e às podas nas adultas. Por causa de um problema de saúde, sua família partiu em busca de tratamento na Alemanha onde permaneceram por um ano. Este período foi suficiente para que ele tivesse contato não só com as vanguardas artísticas européias mas, também, ficasse fascinado com a vegetação brasileira existente em uma estufa do Jardim Botânico de Dahlem, em Berlim. Estudou pintura no ateliê de Degner Klemn tendo seu foco dividido entre a pintura e as plantas. Expressionista dos anos 1920 até os 1940, migrou para o cubismo. Além de paisagista de renome internacional, ele também foi pintor, escultor, tapeceiro, ceramista e designer de jóias e ficou conhecido por sua preocupação ambiental e pela preocupação com a preservação da flora brasileira ao utilizar em seus projetos plantas nativas do Brasil.

Mesmo sem educação formal em arquitetura paisagística, o aprendizado de Burle Marx na pintura influenciou a criação de seus jardins. Ele aceitava, embora de forma relutante, que “pintava” com as plantas, apesar de seu trabalho não ser reduzido ao efeito pictórico e visual produzido por suas paisagens, pois Marx se auto definia como um artista de jardins. (Fonte: Fundação Parque Burle Marx, 2005).

O primeiro projeto paisagístico desenvolvido por Burle Marx foi um jardim residencial para um projeto dos arquitetos Lucio Costa e Gregory Warchavchik, em 1932. Interessante notar que esse fato mostra claramente a inexistência, naquela época, de corporativismos e reservas de mercado: um não arquiteto projetando paisagismo – área hoje reservada aos arquitetos graduados. Isso nos leva à próxima questão:

[2] CAU/BR. Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil.

Arquitetos e outros profissionais são designers?

Em sua essência não. Analisando a estrutura curricular dos cursos de Arquitetura, por mais que os alunos sejam obrigados e mobiliar seus projetos para as apresentações e avaliações, não existem elementos fundamentais ou relevantes de desenvolvimento de projetos segundo a ótica do Design nem do DInt. O conhecimento é diferente, o processo de projeto é outro, o pensar é distinto, a análise das variáveis é díspar. Não é encaixando blocos de móveis prontos dentro de um espaço que se faz DInt. Também não é buscando a estética perfeita dentro de um espaço que se faz DInt. Tampouco especificando mobiliários, equipamentos, acessórios e elementos decorativos sem entender profundamente o uso e as características individuais e coletivas dos usuários destes espaços que se faz DInt. O arquiteto deve focar o seu trabalho na qualidade espacial da edificação: suas formas, dimensões, destinação, uso, qualidade dos ambientes, etc. afim de projetar espaços externos e internos condizentes com as necessidades e exigências projetuais. Ele também é o responsável pela especificação dos materiais utilizados para a construção (salvo quando a necessidade extrapola seu domínio e entra em cena a necessidade de um engenheiro civil).

O Brasil é um dos poucos países onde o pensamento ultrapassado de Gropius é levado a ferro e fogo até os dias atuais. Ele, acreditando cegamente em sua utopia que, resumidamente, afirmava que “tudo é Arquitetura, tudo depende da Arquitetura” (GROPIUS, 1974, p.27), transformou os diversos cursos específicos e independentes – marcenaria, artes plásticas, têxtil, mobiliário, entre outros – em meras oficinas dentro do curso de Arquitetura da Bauhaus (o que ajudou na perda de credibilidade e consequente falência da escola). Não pode-se afirmar que isso é um forte indício de evolução nota zero, pois seria por demasiado deselegante com a Arquitetura brasileira! Mas pode-se afirmar que trata-se de ação corporativista gestada, articulada, elaborada, implementada e sustentada pelo Conselho com a intenção de garantir um nicho de mercado extra para seus profissionais que não encontram trabalho, creiam, no mercado de Arquitetura.

A IIDA (International Interior Design Association) é uma das mais respeitadas entidades relacionadas ao DInt no mundo e a maioria dos países seguem suas definições e normas para, de certa forma, regular o ensino e a prática profissional da área. Ela foi fundada em 1994 como resultado da união do Institute of Business Designers (IBD), International Society of Interior Designers (ISID) e do Council of Federal Interior Designers (CFID). Observando o quadro a seguir percebe-se como é feita a distribuições de atribuições profissionais por esta associação, em comum acordo com os demais conselhos e associações de Arquitetura:

Figura 1 - Responsabilidades do designer de interiores com sobreposição de arquitetos e decoradores. Fonte: IIDA, 2017.

Observe que os arquitetos trabalham com: 1) Concepção e projeto da estrutura da construção; Implantação da construção em relação ao terreno; Projeto e altura do telhado; Tipo de esquadrias e localização; Localização de escadas e saídas da edificação; Projeto de elementos centrais (elevadores, serviços compartilhados, etc.); 2) Implantação dos códigos de segurança, fogo e de construção; Acessibilidade; Planejamento e colocação de paredes nos espaços interiores; Projetos elétrico, de dados e audiovisuais; Madeiramento arquitetônico[3], projeto e detalhamento; Sustentabilidade.

Separei as atribuições em dois grupos sendo (1) específicas da Arquitetura e (2) compartilhadas com o DInt. Não se vê, portanto, elementos que sustentem ou indiquem onde entra o Design – ou Projeto – de Interiores no exercício profissional dos arquitetos.

Agora vamos analisar o que o quadro diz sobre as atribuições do Interior Design. São atribuições dos designers de interiores: (1) Implantação dos códigos de segurança, fogo e de construção; Acessibilidade; Planejamento e colocação de paredes nos espaços interiores; Projetos elétrico, de dados e audiovisuais; Madeiramento arquitetônico, projeto e detalhamento; Sustentabilidade; (2) Compreender as necessidades uso do usuário final; Impacto do Design no comportamento humano; Especificar materiais de revestimento antiderrapantes e materiais de acabamento não inflamáveis; Necessidades  e atenção para idosos; Ergonomia; Tratamento acústico; Identificação gráfica e sinalização; Estilo e especificações do mobiliário; Compra e instalação de móveis; Seleção de acabamentos para paredes, estruturas[4] e pavimentos.

Um elemento muito importante que deve ser considerado nestas listas é que vemos claramente que os arquitetos trabalham com a Acessibilidade enquanto os designers trabalham com a Ergonomia. Sempre é bom destacar que a primeira é apenas um recorte da segunda. Isso já diz bastante sobre a separação entre as duas profissões: uma área trabalha com a estrutura da edificação. A outra, com o uso que será feito nesta mesma edificação. São, portanto, estruturados no objeto base edificação, complementares.

Destaco aqui que no exterior os profissionais de áreas correlatas – ou complementares – não vêem essa sobreposição de atribuições como algo negativo. Em verdade, eles atribuem a esse elemento significados como colaboração, complementação, interação, multidisciplinaridade, cooperação, enfim, algo positivo para as profissões e, acima de tudo, para a sociedade. No Brasil, o significado é de sobreposição, porém com um significado bem diferente: sombreamento, invasão, exercício ilegal mesmo quando as atribuições são iguais ou aquelas onde um grupo não teve a formação do outro – que representa um atraso significativo do Conselho nacional quando comparado com a visão dos conselhos internacionais apresentados.

Para esclarecer ainda mais, vale ressaltar que as escolas de Arquitetura nos países desenvolvidos trabalham com Arquitetura apenas. Nesses países até o Urbanismo trata-se de uma profissão distinta, outra faculdade específica. Todas as outras áreas, e isso inclui DInt, são cursos distintos, com suas capacidades, competências e conhecimentos individuais e, principalmente, oriundos de Escolas distintas: Arquitetura na escola de Arquitetura, DInt na escola de Belas Artes e/ou Artes Aplicadas. Seus alunos são ensinados a trabalhar coletivamente – e a importância disso – em equipes multidisciplinares onde cada profissional é responsável – e respeitado – pela sua área de formação e especialização acadêmica.

Já o CFAI (Conseil Français des Architectes d’Intérieur), o mais antigo e importante Conselho Federal de Interiores já instituído no mundo, é bastante preciso nas definições das atribuições e competências profissionais destas duas áreas. Esta definição foi acolhida após debates abertos e francos com o Conselho de Arquitetura Francês, sem os melindres e ufanismos típicos que acontecem aqui no Brasil. A imagem[5] abaixo, retirada do site do CFAI, nos mostra claramente o funcionamento das academias na França.

Figura 2 - Quadro de equivalência acadêmica. CFAI, 2017.

Fica claro que Arquitetura e Design vem de escolas distintas. É de suma importância destacar aqui que o uso do termo “l’architecture intérieure” pelos franceses nada tem a ver com uma área ligada estritamente ou dependente da Arquitetura. Tampouco é uma especialidade desta. Isso ocorre pelo fato de existir um elevado nível de nacionalismo – mesclada com certa dose de xenofobia – entre esta população que os faz recusar o uso de termos em outras línguas que não a própria. Trata-se, portando, do internacional Interior Design. Fato que não acontece aqui no Brasil dada a versatilidade e dinâmica linguística aliada ao fator de que não há uma palavra em português que traduza a complexidade do Design. Por isso a necessidade de uso do termo Design para caracterizar – alinhado com o plano internacional – os aspectos objetivos e subjetivos das profissões do Design.

Até pouco tempo atrás era comum vermos nas universidades aqui no Brasil os cursos de DInt ligados aos departamentos de Arquitetura das IES, mesmo havendo um de Design. Isso se deve a alguns fatores diretamente ligados ao início da área por aqui.  Por um lado, os desenhistas industriais (e designers) que não reconheciam o DInt como uma das especialidades do Design – fato já superado. Por outro, arquitetos que já viam nesse nicho de mercado algo bastante benéfico financeiramente bem como, assim como hoje ainda o é, vivem numa nau ufanista ancorada na época da Bauhaus. Este pensamento bauhausiano, ainda muito comum nos dias atuais e faz a Arquitetura brasileira ser tão “generalista” sem ser especialista em nada, nem mesmo em Arquitetura.

Estes fatos levou à formatação de um modelo de curso de DInt, aqui no Brasil, que é literalmente amputado, se comparado aos oferecidos no exterior. Por aqui foram eliminados conteúdos e disciplinas essenciais para a plena formação do designer sendo substituídas por outras oriundas da Arquitetura e com um ênfase muito forte no aspecto decorativo e estético em detrimento dos aspectos técnicos. Por exemplo, aqui no Brasil o que se estuda sobre a parte estrutural das edificações é mínima – apoiada constantemente no “não pode” – deixando os profissionais inseguros sobre o tema impedindo-os de criar soluções melhores para os espaços, ao contrário dos profissionais do exterior que possuem a devida formação e qualificação para propor e até executar diversas alterações. Destaque-se o fato de que muitos professores não eram designers e, tampouco, comprometidos com a Educação. Daí a visão de que o DInt é apenas uma “Decoração melhorada” e que, por isso, não precisaria ser regulamentada e tampouco é uma prática que não coloca os usuários em risco. Isso precisa ser revisto com urgência urgentíssima.

Importante frisar que as áreas não se misturam, mas convergem umas para as outras e, principalmente, complementam-se. Quiçá um dia aqui no Brasil será assim.

Já a área de Decoração de Interiores faz parte do DInt, porém o inverso não é verdadeiro. Segundo o Dicionário Michaelis, Decoração é “1 Ação, ou efeito de decorar ou ornar. 2 Adorno, embelezamento, enfeite, ornamentação. 3 Aspecto geral. 4 Teat Cenário”. Logo, fica claro que o ato de decorar diz respeito, apenas e tão somente, aos elementos complementares dentro de um espaço e que podem ser trocados – de lugar ou substituídos por outros – a qualquer momento e com facilidade sem riscos ao usuário. É também o ato de organizar os objetos dentro do espaço ou seja, organização. Destaco aqui os antigos cursos livres oferecidos por diversas instituições onde os alunos aprendiam a embelezar – ou melhorar a aparência – dos seus espaços residenciais, com carga horária baixíssima.

Com relação aos projetistas, se não houver formação acadêmica específica na área, também não podem – nem devem – auto intitular-se designers de interiores. Por mais que saibam manusear diversos softwares para projetos, faltam-lhes elementos formativos essenciais ao entendimento do todo do projeto, numa visão holística e técnica sobre o mesmo. Vale ressaltar aqui que entende-se por projetistas aquelas pessoas contratadas por lojas como vendedores de um tipo específico de mobiliário, marceneiros e outros mais. Estes podem dominar a questão do desenvolvimento do mobiliário[6] mas, mesmo assim, fica evidente que estes acabam aprisionados no catálogo de produtos bem como, nos padrões disponibilizados em suas empresas e indústrias. Logo, estes não são designers de interiores.

Seguindo o padrão legal utilizado por outras áreas do conhecimento, resta claro que este é apenas aquele profissional que recebeu a devida formação acadêmica específica na área de DInt, baseado no que ditam as diretrizes curriculares do MEC e que constam em seus currículos acadêmicos.

[3] Nos EUA a maioria das construções são feitas com a técnica do wood-frame ou steel-frame. É uma possível interpretação para este termo. Também referências aos acabamentos e estruturas internas e externas feitos com madeira. Porém, encontram-se outras referências ligadas ao “built-in millwork” definindo-os como os vãos internos da edificação.

[4] Mobiliários e qualquer outro elemento de estrutura independente projetado.

[5] Para encontrar este documento, acesse www.cfai.fr e busque a aba “se former à l’architecture intérieure”.

[6] Se bem que com alguns softwares existentes hoje, nem isso eles dominam. Principalmente o processo fabril e de montagem.

Quem possui especialização em DInt pode ser considerado designer?

De acordo com o que escreveu em um debate no facebook, no aflorar da Resolução n° 51 do CAU, quando questionado, ainda no Orkut, sobre como ficariam os alunos dos cursos de Pós-Graduação em Iluminação oferecidos por sua instituição, um professor foi taxativo: os cursos de especialização visam apenas aumentar o conhecimento, porém não atribuem domínio ou credencial profissional extra a quem os faz. Segundo ele, portanto, não! Mas esta visão apenas não encerra este assunto. É preciso aprofundar-se mais.

Os cursos de especialização, especialmente os ofertados por IES privadas, não fazem grandes exigências quanto às origens do ingressante. Nos cursos de especialização em DInt a exigência comum é, via de regra, ser portador de um diploma de curso superior. Com isso, cria-se um sério problema que gera três vertentes de profissionais:

  • a. Aqueles, habilitados em DInt, que buscam na especialização o reforço ou melhor entendimento sobre alguns aspectos envolvidos no processo de projeto de DInt que ficaram falhos em sua formação acadêmica – graduação;
  • b. Aqueles, portadores de diplomas de áreas afins ao Design que estão em busca de um aprofundamento em seus conhecimentos visando a atuação profissional neste nicho de mercado uma vez que a sua formação original não contemplou disciplinas específicas satisfazendo, portanto, parcialmente suas necessidades para o desenvolvimento de um projeto DInt. Porém, a baixa carga-horária destes cursos não são suficientes para endossar o conhecimento necessário sobre determinadas disciplinas. Como exemplo: tente repassar o conhecimento sobre Briefing (o do Design) em meras 16h a 20 horas aulas. Não dá;
  • c. Aqueles oriundos de outras áreas do conhecimento, distantes da realidade projetual. Estes não possuem intimidade prévia – ou formação acadêmica – com o complexo jogo de conhecimentos técnicos necessários para a execução de um projeto de interiores quiçá, um de DInt. Quando muito, são proprietários de empresas coligadas, normalmente fornecedores (gesso, luminárias, revestimentos, etc) que possuem formação acadêmica em outras áreas como administração, contabilidade entre outras. Importante ressaltar que, por mais conhecimento que estes tenham em sua área de atuação, lhes faltam conhecimentos sobre diversos outros pontos importantes do projeto de interiores e que um curso de especialização, por sua baixa carga horaria, não será capaz de fornecer.

Independente da origem do especializando, percebe-se que nos casos “b” e “c”, dada a escassez da carga horária e, sabidamente, que os cursos são compostos por módulos intensivos, não há elementos concretos que habilitem os profissionais a apresentarem-se como profissionais de DInt dada a fraca e superficial imersão pelo real mundo do Design ofertado nos cursos, e o que este real significa. Outro fator que devemos considerar é a baixa quantidade, na maioria desses cursos, de docentes oriundos da área de Design. Os conhecimentos repassados, portanto, apenas margeiam o Design em si através do que a maioria dos docentes acha (MORIN) ser Design.

Devo também ressaltar que quando uma pessoa, de fora da academia de Arquitetura, faz uma especialização em Arquitetura, esta não pode sair apresentando-se como arquiteto(a). Porque o inverso deveria ser permitido? Isso é meramente uma questão de ética pessoal e profissional que, na maioria dos casos, fica evidente a sua inexistência.

Projeto (ou arquitetura) de interiores é o mesmo que DInt?

Como já exposto anteriormente, não são a mesma coisa. Arquitetura é Arquitetura. DInt é DInt. A utilização do termo “arquitetura” antes do Interiores visa tão somente buscar uma hiper valorização de um suposto conhecimento afim de vender algo para o qual não há sustentação curricular. Em outras palavras, estão simplesmente confundindo o mercado.

Em suma, de acordo com os seus cânones, Vitruvius por exemplo, a parte da Arquitetura que trabalha com espaços interiores está relacionado aos elementos estruturais e espaciais internos da edificação, estritamente ligados ao projeto arquitetônico-estrutural. Nada tem a ver, como exposto anteriormente, com projeto de interiores no que diz respeito ao que entende-se como projeto de DInt e sim, a elementos como:

  • Planejamento e projeto de vão livres;
  • Planejamento e projeto de divisões internas estruturais;
  • Planejamento e projeto de escadarias estruturais e elevadores;
  • Planejamento e projeto de diferenças de níveis estruturais;
  • Planejamento e projeto de alvenarias e madeiramentos estruturais;
  • Planejamento e projeto de aberturas e fechamentos de vãos estruturais;
  • Especificação e compatibilização de projetos relativos ao uso específico dos espaços (gás, água, esgoto, energia, redes, etc);

No entanto, percebemos que eles insistem em afirmar que são aptos a projetar interiores através dos “conhecimentos diluídos” nas diversas disciplinas de projeto dos cursos onde. Dessa forma, os alunos são obrigados a apresentar os interiores projetados – entenda-se layout, mobiliários, equipamentos, cores, revestimentos e objetos – que, nem de longe, tem o mesmo significado, a complexidade ou o resultado de um projeto específico de DInt por faltar a especificidade e foco de atenção ao projetar esta parte.

Como exemplo, reapresento a lista acima com as competências e habilidades dos designers de interiores como forma de comparação:

  • Planejamento, projeto e redestinação de espaços (ReDesign);
  • Planejamento e projeto de divisões internas não-estruturais;
  • Planejamento e projeto de escadarias e mezaninos não-estruturais;
  • Planejamento e projeto de níveis não-estruturais;
  • Planejamento e projeto de alvenarias e madeiramentos não-estruturais;
  • Planejamento e projeto de aberturas e fechamentos de vãos não-estruturais;
  • Especificação e compatibilização de projetos relativos ao uso específico dos espaços (água, energia, redes, etc);

Apesar de não podermos projetar elementos estruturais, nada nos impede de pensar (idear) sobre as possíveis alterações necessárias nos mesmos para que o projeto realmente atenda às necessidades dos clientes. Essas propostas devem passar pelo crivo de viabilidade técnica de um profissional especialista em estruturas – o(a) engenheiro(a) civil – que se encarregará de projetá-las e executá-las. Para isso servem as parcerias profissionais.

Conclusão

Apresentei neste ensaio diversos pontos que precisam ser debatidos abertamente. Os dados expostos apontam que há sim uma insistente campanha visando a desmoralização da profissão de DInt – muitas vezes desrespeitosa até – baseada em factóides ou na negação de dados.

Como apresentei, são poucos os arquitetos que trabalham realmente com Arquitetura (edificação). Como exposto, o Senso realizado pelo Conselho é tendencioso pois não corresponde à realidade: a maioria de seus profissionais apresentam uma predominância de projetos de interiores e poucos são os que realmente apresentam algum projeto de Arquitetura. Isso se deve à falta de mercado para eles aqui no Brasil. Porém, não é desrespeitando outras profissões que isso será resolvido. Vale refletir: onde estão os profissionais formados em Arquitetura que não lutam por um direito adquirido após anos de estudos de atuar com a verdadeira Arquitetura contribuindo, de fato, com a sociedade através dos conhecimentos de sua profissão? Problemas verdadeiramente arquitetônicos existem aos montes pelo país porém, estes parecem não sensibilizar nem os profissionais, nem a academia e, tampouco, as entidades representativas e de regulação desta importante profissão.

É evidente que a questão não é relativa à capacidade para fazer isso ou aquilo. Já demonstrei no presente ensaio que arquitetos não tem formação efetiva para atuar com projetos de DInt. Aliás, estudo isso desde a minha primeira especialização em Educação[7], quando analisei as grades dos 20 principais cursos de Arquitetura brasileiros sem encontrar qualquer elemento que os tornassem realmente aptos a usar o título designer – de nenhuma das especialidades do Design. E isso não evoluiu até hoje.

Resta claro, portanto, que arquitetos não são designers e que seus projetos de interiores nada tem de Design em seu processo projetual para que possa ser comparado aos desenvolvidos pelos designers habilitados. Quiçá apresentados ou vendidos como melhores. Também, que não é inserindo uma disciplina de “Arquitetura de Interiores” nas grades dos cursos que isso os igualará ou os tornará superiores que os realizados pelos profissionais de DInt.

Apresentei elementos demonstrando que vendedores ou projetistas de lojas e outros profissionais não são designers pois faltam a estes os conhecimentos essenciais nos processos, metodologias e ferramentas do Design, necessários para a análise dos problemas afim de encontrar as melhores soluções.

Também, que os decoradores não são designers pois, além dos elementos destacados sobre os projetistas no parágrafo anterior, a Decoração lida com o superficial além de ser uma das partes do projeto de DInt, enquanto o oposto não é verdadeiro. Mas, precisamos reconhecer que essa é uma profissão específica e que merece todo respeito e admiração.

E, por fim, vale ressaltar que designers não desejam ser arquitetos. Se assim o fosse teriam partido direto para um curso de Arquitetura. Designers querem ser o que escolheram fazer e são: DESIGNERS! Aquele profissional que analisa de forma holística os espaços, as necessidades, os sonhos, a viabilidade técnica e econômica, as personas envolvidas direta e indiretamente, a legislação e normas específicas, o conforto e bem-estar, a segurança, as diversas técnicas envolvidas, as possibilidades, vantagens e diversos outros elementos buscando a transformação destes vários problemas em soluções criativas que, afetivamente, funcionem.

[7] Título: Design de Ambientes na Unopar: Uma Proposta Político Pedagógica de Reestruturação. 2007.

Referências

Livros

GROPIUS, W. Bauhaus: Novarquitetura. 2.ed. São Paulo: Perspectiva, 1974.

ANDRADE , Marianos Lopes de. et al. Bauhaus e o Jardim de Epicuro: discurso e prática. In: SILVA, José Carlos Plácido da; PASCHOARELLI, Luis Carlos (orgs.). Bauhaus e a institucionalização do Design: reflexões e contribuições. São Paulo: Estação das Letras, 2011. pp. 83 – 105.

Internet

CAU/BR. Censo dos Arquitetos e Urbanistas do Brasil. Disponível em < http://www.iab.org.br/sites/default/files/02%20FOLDER%20CENSO%20CAU.pdf>. Acessado em 30/04/2015 às 16:45h.

CFAI. Architecte d’intérieur: les formations. Disponível em: <http://www.cfai.fr/sites/default/files/media/Architecte%20d%27int%C3%A9rieur-%20Les%20Formations%20%202016%2012.pdf>. Acessado em 15 de mai de 2018 às 09:45h.

IMPERIO. Flávio. Biografia. Disponível em:  <http://www.flavioimperio.com.br/projeto/510007>. Acessado em: 05 de fev de 2018 às 15:05h.

MARX. Parque Burle. Biografia. Disponível em: <http://parqueburlemarx.com.br/noticias/2013/9/20/um-pouco-de-roberto-burle-marx>. Acessado em 15 de mai de 2018 às 22:38h.

MORIN, Edgar. Os 7 saberes necessários à educação do futuro. Disponível em: <https://www.geledes.org.br/edgar-morin-os-sete-saberes-necessarios-educacao-futuro/?gclid=EAIaIQobChMI993giNT05gIVixCRCh0T1Q3zEAAYASAAEgLbU_D_BwE>. Acessado em 05 de abr de 2016 às 17:24h.

SERRONI, J. C. Biografia. Disponível em: <http://espacocenografico.com.br/jc-serroni/>. Acessado em: 02 de fev de 2018 às 12:45h.

Currículo do autor

Prof. Esp. Paulo Roberto Gonçalves de Oliveira

Paulo Roberto Gonçalves de Oliveira é graduado em Design de Interiores, especialista em Educação Superior e em Iluminação. Professor de cursos de graduação e de especialização em Design de Interiores e de Iluminação. Autor do blog “Design: ações e críticas”, também ministra cursos e palestras. Foi Coordenador Acadêmico da ABD/PR.

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